7 de setembro de 2014

Teologia social: da especulação á práxis!

Nos idos do Século II-III da nossa era, uma proliferação de "Evangelhos" surgiram a respeito da vida de Jesus, vários e diversificados relatos a cerca da possível história real da vida de Jesus foram escritos e disseminados, a maioria deles rejeitado pela comunidade cristã e considerado "obras gnósticas" e sem credibilidade histórica, na ótica dos "Padres da Igreja". Desde meados do século XX esses evangelhos descartados foram retomados na busca de reinterpretar o Jesus Histórico e sua representação na construção dos vários grupos que o admiravam naquela época.
    Mas vamos nos ater aos denominados "Evangelhos canônicos", a saber: Mateus, Marcos, Lucas e João. Esses autores têm propostas e finalidades diferentes ao escreverem a vida de Jesus, hoje a maioria dos teólogos e biblistas reconhecem que não haviam nos escritores intenção de relatar uma biografia de Jesus, mas de apresentar o que ele representava para cada um deles e suas experiências da caminhada dele. Mateus quer mostrar um Jesus messias, Marcos quer mostrar um Jesus que se faz servo, enquanto Lucas quer revelar o Filho do homem, em João o mais tardio, temos o Jesus que é o Verbo divino encarnado. Várias representações de Jesus vem sendo construídas divergentes da construída na tradição cristã, mas se queremos um conhecimento de Jesus a partir dos Evangelhos, temos de refletir a própria Teologia em si.
    É inegável que Jesus era uma figura escatológica, o místico "reino de Deus e reino dos céus" eram constantes em seus discursos, muitas vezes inflamados, certamente como conhecedor das Escrituras hebraicas, Jesus sabia que o messias tinha um apelo político-escatológico muito forte e a restauração do reinado davídico era prédica do messias prometido. Ele prometeu este reino. Mas como estudioso de Jesus, o que mais me cativa  atenção nele é o que eu chamo de sua "Teologia Social", se a Igreja nos seus primeiros anos se ocupou tanto em tentar comprovar a divindade de Jesus e principalmente nesses dias floresce uma ênfase maior no teor escatológico das Escrituras, eu sou apaixonado pelo Jesus-humano, sua caminhada, palavras e atitudes são exemplares. Se por um lado ele aclamava o Reino dos céus, por outro não se ausentava da sua responsabilidade de construir este Reino aqui mesmo na terra, entre os homens. A Teologia de hoje é muito mais especulativa e abstrata, o que por si não tem nenhum problema, mas penso que muitas teologias se perderam ao longo da história.
    Temos conflitos travados entre calvinistas e arminianos que digladiam pelo problema livre-arbítrio e predestinação, enquanto pré -tribulacionistas e pós-tribulacionistas discutem se a Igreja passará ou não pela "grande tribulação", literalistas e simbolistas se confrontam pela interpretação da criação da terra, e ainda há retrógadas denominações que se colocam mais santas por "usos e costumes". Hoje temos as mais diversificadas "teologias" imagináveis, pra todos os tipos e gostos. O problema é que cristianismo não é uma filosofia meramente, o cristianismo autêntico é sinônimo de práxis, Jesus não objetivou formar uma escola de pensamento simplesmente, e fazer de seus seguidores pensadores, ao contrário, se por um lado ele evocou o reino dos céus, por outro ele materializou este reino aqui mesmo na terra: trouxe paz aos aflitos, consolou os que sofriam, priorizou os pobres sem desprezar os ricos, reintegrou os marginalizados na sociedade, criou pontes entre os diferentes, dialogou com outros e fez o que fez sem barganha ou materialismo, ao contrário creu, disseminou e viveu em amor. Sua Teologia não era uma especulação de Deus, era uma prática que representava o próprio amor de Deus!
      Os primeiros discípulos eram homens simples, mas se por um lado não tiveram intelectualidade suficiente para teorizar Deus (salvo exceção de Paulo), puderam universalizar o credo em Deus pela sua prática social, com a ideia revolucionária de um Evangelho com e para o outro, talvez aqui esteja a maior magia do cristianismo, pensar em um Deus que se humaniza para se socializar com os humanos! Que voltemos nosso olhar a este Evangelho, que não sejamos apenas teóricos de Deus, mas que emanemos Deus no nosso jeito cristão de ser...

"Aquele que diz estar nele, deve andar como ele andou" (I João 2.6)

4 comentários:

  1. Amém...
    Que possamos andar como Jesus andou...

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  2. Cara sempre pensei a respeito disso toda minha vida , da figura de Cristo e Deus totalmente fora do q hoje axiste, como igreja denominações doutrinas e teologia, muito feliz em ver alguém q pensa da mesma forma q eu , e põe as palavras certas para esplicar quem e Cristo o q e ser um seguidor dele e de Deus , obgd de coração Cristo não e filosofia nem teologia nem platonismo . E e o que é.

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  3. Cara sempre pensei a respeito disso toda minha vida , da figura de Cristo e Deus totalmente fora do q hoje axiste, como igreja denominações doutrinas e teologia, muito feliz em ver alguém q pensa da mesma forma q eu , e põe as palavras certas para esplicar quem e Cristo o q e ser um seguidor dele e de Deus , obgd de coração Cristo não e filosofia nem teologia nem platonismo . E e o que é.

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  4. Cara sempre pensei a respeito disso toda minha vida , da figura de Cristo e Deus totalmente fora do q hoje axiste, como igreja denominações doutrinas e teologia, muito feliz em ver alguém q pensa da mesma forma q eu , e põe as palavras certas para esplicar quem e Cristo o q e ser um seguidor dele e de Deus , obgd de coração Cristo não e filosofia nem teologia nem platonismo . E e o que é.

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